Brasil tem 113 notificações de intoxicação por metanol em 5 estados e no DF
Metanol em bebidas: só teste de laboratório pode detectar O número de notificações de intoxicação por metanol após ingestão de bebida alcoólica subiu ...

Metanol em bebidas: só teste de laboratório pode detectar O número de notificações de intoxicação por metanol após ingestão de bebida alcoólica subiu para 113 no Brasil, segundo balanço do Ministério da Saúde divulgado na tarde desta sexta-feira (3). As notificações incluem casos confirmados e suspeitos, além de mortes. Bahia, Paraná e Mato Grosso do Sul notificaram seus primeiros casos em investigação. Em todo o país, são 11 casos confirmados e 102 em investigação. Do total de 113 notificações por esse tipo de intoxicação, 101 são em São Paulo (11 confirmados e 90 em investigação), 6 casos em investigação em Pernambuco, 2 em investigação na Bahia e no Distrito Federal, e 1 caso está sendo investigado no Paraná e Mato Grosso do Sul. Dessas notificações, 12 são de óbitos. Um óbito confirmado no estado de São Paulo e 11 estão sendo investigados (8 em SP, 1 em PE, 1 na BA e 1 no MS). As notificações foram informadas até as 16h desta sexta-feira para o Centro de Informações Estratégicas e Resposta em Vigilância em Saúde Nacional (CIEVS). Casos suspeitos e confirmados no Brasil Divulgação/Ministério da Saúde Antídoto Para reduzir o impacto das intoxicações provocadas por essa substância em bebidas alcoólicas adulteradas, o Ministério da Saúde em parceria com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) adquiriu 4,3 mil ampolas de etanol farmacêutico, antidoto para esse tipo de intoxicação, e está comprando mais 5 mil tratamentos (150 mil ampolas), para garantir o estoque do Sistema Único de Saúde. São Paulo São 91 casos em investigação e 11 confirmados. A capital concentra a maior parte dos casos: 48 em investigação e 8 confirmados (veja tabela abaixo). Na Grande São Paulo, outros municípios também aparecem com registros: São Bernardo do Campo: 21 em investigação e 1 confirmado Santo André: 4 em investigação Osasco: 4 em investigação Guarulhos: 1 em investigação e 1 confirmado Itapecerica da Serra: 1 confirmado Mauá: 1 em investigação Diadema: 1 em investigação Ferraz de Vasconcelos: 1 em investigação Taboão da Serra: 1 em investigação No interior e no litoral, os registros são mais isolados. Araçatuba, Cajuru, Jundiaí, Limeira, Ribeirão Preto, Rio Claro, Santos, São José dos Campos, São Vicente: todos com 1 caso em investigação cada. Casos de suspeitos e confirmados de intoxicação por metanil em SP Reprodução 🔍 O metanol é um álcool usado industrialmente em solventes e outros produtos químicos, é altamente perigoso quando ingerido. Inicialmente, ataca o fígado, que o transforma em substâncias tóxicas que comprometem a medula, o cérebro e o nervo óptico, podendo causar cegueira, coma e até morte. Também pode provocar insuficiência pulmonar e renal. As autoridades não divulgaram oficialmente a identidade das vítimas, mas a TV Globo e o g1 conseguiram localizar alguns dos pacientes. A seguir, conheça as histórias de pessoas que tiveram a vida profundamente afetada após o consumo de bebidas adulteradas. Radharani Domingos, Bruna Araújo de Souza e Rafael Anjos Martins são vítimas de intoxicação por metanol. Montagem/g1/Reprodução Adega na Zona Sul No dia 30 de agosto, Rafael Anjos Martins, de 28 anos, comprou duas garrafas de gin, além de gelo de coco e energético, em uma adega localizada na região da Cidade Dutra, na Zona Sul da capital. Em seguida, ele se reuniu com quatro amigos em casa para confraternizar. Nenhum deles desconfiou da adulteração. Rafael Anjos Martins, de 28 anos, está em coma desde 1º de setembro após consumir gin em SP Arquivo Pessoal Poucas horas depois do consumo, Rafael começou a passar mal e foi levado às pressas para o hospital. Os médicos realizaram procedimentos para remover a toxina do sangue, mas o metanol já havia atingido o cérebro e o nervo óptico. Desde então, o jovem está em coma, internado na Unidade de Terapia Intensiva de um hospital de Osasco, respirando com ajuda de aparelhos. Os amigos, que ingeriram a bebida adulterada em menor quantidade, também sofreram consequências. Nathalia Carozzi Gama contou à TV Globo que a visão foi afetada. "As coisas estavam com muito contraste e muita falta de ar, com mal-estar, um peso no corpo. Eu fui para o hospital, fizeram o exame e viram que estava com metanol”, relatou. Bar nos Jardins Radharani Domingos fala em entrevista ao Fantástico após intoxicação por metanol Reprodução A designer de interiores Radharani Domingos, de 43 anos, perdeu a visão após consumir três caipirinhas feitas com vodca em no bar Ministrão na Alameda Lorena, bairro nobre de São Paulo. O local foi interditado. Ela chegou a ser internada na UTI, onde sofreu convulsões e precisou ser intubada, mas recebeu alta para o quarto nesta segunda (29). “Era uma região nobre, não era nenhum boteco de esquina. Causou um estrago bem grande. Não estou enxergando nada”, disse Radharani ao Fantásrico. No local, a polícia apreendeu cerca de 100 garrafas de bebidas destiladas suspeitas de adulteração. Segundo a irmã dela, Lalita Domingos, ainda não há previsão de alta. "O oftalmologista entrou com tratamentos para reverter o quadro da visão, mas ela [visão] permanece comprometida. Estamos na expectativa de que algo mude." Show de pagode Jovem de São Bernardo é internada após consumir vodca Reprodução; e Adobe Stock No domingo (28), Bruna Araújo de Souza, de 30 anos, saiu para assistir a um show de pagode com amigos em um bar de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. Durante a tarde e a noite, ela consumiu algumas doses de bebida, incluindo um “combo” de vodca com suco de pêssego. Na manhã seguinte, Bruna começou a sentir sintomas como dor intensa no corpo, falta de ar e visão embaçada. Foi levada a uma UPA da cidade, mas seu quadro se agravou rapidamente e ela precisou ser transferida entubada para o Hospital de Clínicas de São Bernardo, onde permanece em estado grave. Familiares relatam que o namorado dela também apresentou sintomas e foi internado em outra unidade de saúde. “Ela estava feliz, se divertindo, e agora a gente não sabe como vai ser daqui para frente”, contou um parente. Uísque em festa Wesley Pereira, de 31 anos, passou mal após consumir uísque em uma festa. Reprodução O caso de Wesley Pereira, de 31 anos, começou em agosto, quando ele participou de uma festa na Zona Sul da capital paulista. Em determinado momento da comemoração, Wesley consumiu uísque que havia sido levado ao local. Poucas horas depois, passou mal e entrou em coma. Desde então, ele permanece internado no Hospital do Campo Limpo. Segundo a família, Wesley sofreu uma série de complicações: teve pneumonia por broncoaspiração, um dos rins parou de funcionar e, quando os médicos reduziram a sedação para tentar acordá-lo, ele sofreu um AVC. “Ele perdeu a visão e a vida dele nunca mais vai ser a mesma”, contou a irmã, Sheilene Pereira Neves. Wesley continua em tratamento intensivo e luta para se recuperar. Vodca adulterada Marcelo Lombardi tinha 45 anos e morava na região do Sacomã, na Zona Sul de SP, divisa com o ABC Paulista. Reprodução/TV Globo O advogado e empresário Marcelo Lombardi, de 45 anos, dono de uma imobiliária familiar na região do Sacomã, Zona Sul de São Paulo, morreu após consumir uma garrafa de vodca adulterada. Segundo a família, ele comprou a bebida em uma adega para beber em casa, sem suspeitar de irregularidades. Na manhã seguinte, Marcelo acordou desorientado, já sem visão, e foi levado ao hospital. O quadro evoluiu para uma parada cardiorrespiratória e falência múltipla dos órgãos. No atestado de óbito, os médicos apontaram o metanol como causa da intoxicação. Marcelo era casado e morava com a esposa e uma cachorrinha. A irmã relatou ao g1 que ele era o pilar da família. “Perdemos a nossa base”, desabafou. LEIA MAIS: Ministério da Saúde negocia com OMS criação de reserva de antídoto para intoxicação por metanol Bar nos Jardins com suspeita de contaminação por metanol é interditado em operação da polícia Casos de intoxicação por metanol em setembro em SP já equivalem à metade da média do ano do Brasil, diz Padilha Infográfico: o impacto do metanol no corpo humano. Arte/g1